Menu Domingo 17 de Janeiro 2021
Há 26 anos partia daqui o pai de Nero, de Morgado, do Mago e também do Vicente perante quem Deus, “para salvar a sua própria obra, fechava, melancolicamente, as comportas do céu”. Se neste dia passar na Ladeira do Seminário quando vier a caminho daqui não se esqueça de tirar o chapéu ao nº 6, casa onde ele morou. Serão apenas tijolos, mas não são as paredes também coisas que nos unem no espaço através do tempo que não conhece perdão? Tal como o banquete de Domingo que o espera nos une todos também daqui até Trás-os-Montes de onde Adolfo Correia da Rocha partiu sem abandono:
Cozido à Portuguesa (10€/Pessoa)
Em 1940, 5 anos depois do nascimento e partida de Tenório, Orwell deixou escrito que "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros". Conversa de quinta? Seremos portanto tão ou mais Bichos que os Bichos imaginados. Algo que Adolfo Rocha não explicou; de facto, tal como dizia “nenhuma árvore explica os seus frutos, embora goste que lhos comam”. E assim, será desnecessário explicar os frutos do Mar do Norte com os:
Bolinhos de Bacalhau com Arroz Branco ou de Tomate (10€/Pessoa)
Aos 27 anos, aproxima-se de si mesmo afastando-se de si próprio, arrancando o sobrenome à Urze da terra onde nasceu e o seu nome próprio das asas do arcanjo da literatura que nos ofereceu uma das maiores obras primas da literatura com Dom Quixote. Miguel Torga assim nascido por mão própria assina a sua despedida por Adolfo Rocha no prefácio do seu segundo livro de Poesia “A terceira Voz” onde sai de cena e dá a palavra de honra que não reaparecerá. A memória desatenta talvez o esqueça de quando em vez, mas história não o deixará partir. Não poderia – o passado não é coisa leve que se possa abandonar mesmo quando se quer – e da mesma forma, não poderemos nós abandonar as alegrias de Paris com:
Flã Parisiense (2.5€)
Um ano depois de se materializar no seu afastamento de si, em 1935, escrevia no seu diário: “Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade, sem ao menos perguntar quem era”. Como poderíamos assim evitar o assomar de uma lágrima à beira dos olhos perante tal comoção?
Portanto, se aqui chegou vindo dos lados da Ladeira do Seminário, à saída arrepie caminho através da Av. Dr. Dias da Silva até às bandas da Faculdade de Economia. Ali, quase como se Coimbra houvesse escolhido o nome das ruas por intervenção divina, avance pela R. Luis de Camões e vire na R. Fernando Pessoa onde encontrará a Casa Museu Miguel Torga onde o escritor viveu desde início da década de 1950 até à sua partida. Apesar de ter recebido o prémio Camões em 1989, saiba que se pode ler numa entrada do seu diário 48 anos antes que: “Fernando Pessoa, culturalmente considerado, não será muito mais poeta nacional deste século do que Camões?”. Há paixões que não se esquecem, por muito que o tempo desconheça o perdão:
Crepe Queimado Sereia (2.5€)
Aconselhamos a que reserve com antecedência para que nada falte na sua mesa para este próximo Domingo!
Para encomendas:
919857586 / 239824342 / sereia.mondego@gmail.com
Restaurante Sereia do Mondego.😍
PS: Ficamos situados na R. Dr. Henriques Seco nº1, (Rua da pousada da juventude, junto da maternidade Bissaya Barreto)
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